quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Top ten: coisas cretinas dos desfiles de Carnaval
terça-feira, 25 de março de 2008
Califórnia brasileira
Nesta Páscoa, parte da minha família – inclusive eu – decidiu trocar ovinhos em Peruíbe, na pousada de um tio ricaço. Para enganar o congestionamento, saí de São Paulo às cinco da matina da Sexta-Feira Santa. Com efeito, desci a serra rapidinho. Quando o sol nasceu, já me encontrava passando por Mongaguá, uns 50 quilômetros antes do destino. Não conhecia a cidade. Tinha até algum preconceito à respeito, achava que fosse caidona.
Mas bateu a curiosidade. O tal pier de Mongaguá está sempre nos destaques do Waves, o site básico de previsão de onda, e aquele momento era perfeito para uma quebra de roteiro. Viajava sozinho, o duelo contra o engarrafamento já estava vencido e ainda era cedo demais para acordar os parentes. Peguei a saída à direita.
Para chegar ao pier, cruzei 10 quilômetros de orla. Que visual! O sol nascendo e tingindo tudo de laranja (alvorada, lá no morro, que beleza...), ondas de meio metro lisinhas e abrindo, quase ninguém na praia. Ok, isso poderia ser qualquer lugar. O que realmente me surpreendeu em Mongaguá foi o calçadão bem cuidado, com uma fila de coqueiros, os canteiros aparados com esmero, a rua com calçamento simpático de lajotas. Mas, principalmente, Mongaguá é do lado de São Paulo e não é apinhada de prédios à beira-mar! O que se vê são casas – nem um pouco caidonas – e tentadores terrenos à venda. Eu dizia baixinho: “meeeu, que lugar alto astral...”. Um quarteirão depois, dizia a mesma coisa, me dando conta de quão enganado eu estava sobre Mongaguá. Só tome cuidado para não ficar viajando na cena e socar o fundo do carro nas valetas, que são muitas, como fiz umas cinco vezes.
A praia segue e, aos poucos, a imagem do pier cresce e fica mais nítida. Quando chega, você encontra uma onda cavada e bem formada quebrando ao lado dele e jura que Mongaguá é a Ocean Beach brasileira (que exagero, Pedro...). O surfe rola quase embaixo da plataforma. Não havia muitos surfistas locais e os que surgiram pareceram amistosos, pelo menos com quem sabe chegar. Peguei umas boas e saí com a cabeça feitíssima.
Segui viagem com a alegria de quem arriscou e se deu bem. Levava um sorriso de orgulho com minha “descoberta” – entre aspas porque até parece que ninguém conhece Mongaguá... Mas, para mim, foi um achado. Onde mais você encontra uma onda boa, a uma hora e pouco de São Paulo, sem um crowd insuportável?
segunda-feira, 17 de março de 2008
Força estranha
Mas não. Sábado cedo deixamos as garotas no conforto do apartamento e partimos bravamente rumo ao norte, onde talvez a ondulação estivesse maior. Na estrada, além de chuva e vento, esperança. Depois de uma hora e meia de monotonia na Rio-Santos, a placa indica Camburi.
Em três palavras, eis o que encontramos: merreca, fechando e crowd. Mas, uma vez na roubada, vá até o fim. Roupas de borracha, fomos pra água. Depois de meia hora de surfe medíocre, uma idéia lampejou na cabeça oca do Alemão. E se a gente fosse pra Praia Brava?
Para quem já está em Camburi, é só esticar até Boiçucanga e pegar o barco. Lá deve ter mais onda e menos gente. Isso. Vamos. Sai do mar, tira a roupa, seca o corpo, ajeita as pranchas no carro, dirige mais um pouco, negocia com o barqueiro, entra na lancha, chuva, frio, água espirrando, chega na Brava.
Em três palavras? Merreca, fechando e... deserta, pelo menos. Depois de uns 30 segundos de criteriosa análise, decidimos ficar. Já estamos aqui, mesmo. O surfe não foi nada de mais, umas valas de meio metrão explodindo bem na beirada, muitas vezes nos embolando no processo.
No fim do dia, voltamos para o Guarujá pela mesma estrada chuvosa e sonolenta. Como disse, algumas coisas não são fáceis de explicar. Não, não me refiro a tudo isso que acabo de contar. Difícil, no caso, é achar razão para a gente ainda voltar comemorando: “Pô, valeu o rolê, né?”. “Valeu, claro, pô, demais...”
quinta-feira, 13 de março de 2008
Repicando posts
Também alguns posts abaixo tirei um sarro do show grátis (ai, ai...) dos Titãs em Paraty. Ficou parecendo que foi uma merda, mas teve momentos bacanas. Imagine só. Acabou uma música, vieram os aplausos. Branco Mello gritou: “Vocês querem rooooock?!”. O coro respondeu: “Iiiiieeeeaaaahhhhhh”. Mello sobe um tom na empolgação: “Vocês querem quebrar tudooooooooooo?!”. A galera responde mais alto ainda, e o vocalista continua: “Vocês querem que não sobre pedra sobre pedraaaaaaa?!”. Urros ensandecidos. Então ele completa com voz calma, baixinha, benevolente: “Mas é uma cidade histórica, galera, a gente não pode fazer isso...”. Há, há, há! Todo mundo cai na risada...
sexta-feira, 7 de março de 2008
Descobrindo a bola
Minha escola de futebol foi a várzea. Foi na terra batida do glorioso Marítimo, ouvindo um negão de olhos azuis que um dia fora o Monstro do Maracanã, que a mágica aconteceu. Num daqueles vestiários fedendo a mijo me ensinaram a dar laço em chuteira, e levando cuspe e tapa na cara aprendi como me livrar de um marcador. Futebol era aquilo.
Era dividir bola perdida com os moleques do Clube Jabaquara, escutando nosso treinador gritar “chega chegando! chega chegando!”. Era rezar de mãos dadas antes de entrar em campo, pedindo proteção “a nós e ao nosso adversário”. Era terminar a partida e tomar um refrigerante no bar, ouvindo as piadas dos adultos. A gente não entendia direito, ria mais de timidez.
Na várzea é que o futebol acontecia. Você já viu um lateral-direito arremessar o ponta-esquerda no alambrado com um tranco de corpo e no processo arrancar-lhe uma orelha? Na várzea, eu vi. Quando jogo terminava sem feridos ou uma procissão querendo matar o juiz, o povo até estranhava. O que mais tinha ali era juiz ladrão. Às vezes roubavam tanto – a nosso favor, éramos o time da casa – que dava vergonha.
Mas era só jogar em outros campos que pagava-se na mesma moeda. Lembro de uma vez que fomos para Analândia, no interior. Eu defendia as cores do Clube do Mé. Nós vencíamos por um a zero os varzeanos locais quando o juiz decidiu que Einstein se aplicava ao futebol e que o tempo era relativo, deixando a partida correr por quase uma hora além do normal para eles empatarem.
Mais precária que a várzea, só mesmo a “favelinha”. Assim eu e meu pai apelidamos o campinho que ficava dentro de uma favela, perto da nossa casa. Era um terrão enlameado com traves sem rede, pegado a um córrego. Sábado era dia de implorar para ele me levar pra favelinha.
A gente chegava com a bola, convidava a molecada que estava por ali e armava a pelada. Eu não tinha mais que oito anos. Quando acabava, meu pai colocava a turma no carro e pagava refrigerante para todo mundo no boteco do bairro. Sabe lá o quanto esses rachões na favelinha não moldaram meus conceitos...
Coisas que acontecem muito cedo na vida da gente marcam a consciência a ferro quente. Você não muda mais. Hoje não tenho oito anos, nem acho que ainda dê para entrar em favela como a gente entrava. O Marítimo e o Clube do Mé acabaram, foram demolidos para nascer um tal Parque do Povo. Hoje jogo bola com uma turma que aprendeu futebol assistindo ao campeonato europeu no pay-per-view, e me divirto como se estivesse na favelinha. Bola é tudo igual. Também jogo com meus chefes aqui na editora, mas não é porque são meus chefes que alivio o pé. Bola é tudo igual, e reduz as pessoas ao mesmo denominador também. No campo não tem chefe, nem favelado. Tem a bola.
quinta-feira, 6 de março de 2008
Pincéis, guitarras e blá blá blá
terça-feira, 4 de março de 2008
Água fria, lembranças e refrões em falsete
Lembramos dumas loucuras que aquela Trindade nos viu fazer há uns 10 anos... Na época eu achava que não era junkie, só um jovem de família que estava lá como observador da doidera, mas agora, olhando para trás e pensando... eu era junkie. Uma vez ficamos numa barraca que tinha o chão forrado de areia e peças de roupa suja, eu e dois amigos. Numa noite, um deles bebeu demais. Eu estava dormindo quando ele voltou. Tentei continuar dormindo quando abriu a barraca para vomitar pela primeira vez. Quando repetiu o ritual, avaliei que não daria para dormir direito. E levantei definitivamente, rosnando todos os palavrões que conhecia, quando ele gorfou pela terceira vez – mas nessa não conseguiu abrir a portinha a tempo. Fui dormir ao ar livre, nuns colchões onde se engalfinhavam quatro caras ainda piores que meu brother, mais uns 2647 pernilongos... Enfim, éramos todos junkies, que se livraram da sina.
Sábado à noite fomos num show dos Titãs
Domingo voltamos cedo, tipo duas da tarde, porque meu amigo ia ao show do Iron Maiden. Ruuun to the hiiiiiills... Refrões da banda em falsete a viagem inteira, no estilo Massacration. Pena não ter garantido meu ingresso. Mas o do Ozzy eu não perco. Nem o do New York Dolls. Voltamos durante o Corinthians e Palmeiras, se roendo de curiosidade sem notícias do jogo, já que na estrada nenhuma rádio se entende com a antena do carro. Fiquei pensando... Em tempos de sócio-torcedor, TV Timão e interatividade, os clubes poderiam oferecer um serviço que avisasse os principais lances dos jogos pelo celular, né?